quarta-feira, 7 de março de 2012

Atividade Física - Uma vacina para a saúde

Antes de falar sobre o tema, quero compartilhar com vocês o que me levou a ele. Ao iniciar a faculdade de educação física minha paixão era a dança. Incentivada por meus pais, que pretendiam ao término de minha formação montar uma academia, iniciei meus estudos.
Mas durante a formação fui descobrindo e conhecendo os benefícios da prática regular da atividade física e como ela atua como um fator de proteção, manutenção, promoção e prevenção da saúde. Então a paixão inicial, que era toda voltada para a dança, transformou-se em um grande amor pelos efeitos benéficos da atividade física.
A cada aula onde descobria as maravilhas que a atividade física proporcionava, mais queria entender e saber como ocorriam. Ao mesmo tempo, não entendia porque não se divulgava mais esses benefícios como método de prevenção de várias doenças, principalmente pela saúde pública, uma vez que milhões de reais poderiam ser economizados em tratamentos, intercorrências, cirurgias e aposentadorias precoces.
Enfim, meu interesse só aumentou e hoje me sinto uma profissional privilegiada, pois um sonho que parecia utópico é realidade.  Eu, Simone Guaraldo, professora de educação física, atuo diretamente na área da saúde com pacientes renais crônicos nas clínicas de diálise dirigidas pela Dra. Carmen Tzanno e pelo Dr. Elzo Ribeiro Junior, que têm uma visão diferenciada e tratam seus pacientes de forma privilegiada, investindo em profissionais, em busca de uma visão global e humanizada.
Nesses últimos três anos, tenho me dedicado ao estudo dessa população. E me sinto na obrigação de compartilhar com mais pessoas o que leva, em sua maioria, uma pessoa se tornar um paciente renal crônico, uma vez que eu mesma tinha pouco conhecimento sobre o assunto.
Dados da literatura indicam que portadores de Hipertensão Arterial, de Diabetes Mellitus, ou histórico familiar de doença renal crônica têm maior probabilidade de desenvolverem insuficiência renal crônica (Jornal Brasileiro de Nefrologia, 2004 vol. XXVI, Romão Jr, J.E).
Histórico familiar talvez seja o fator de maior dificuldade para se controlar, mas através do conhecimento dele podemos nos prevenir com diagnósticos precoces. Quanto a Hipertensão e o Diabetes tipo II são doenças que podem ser prevenidas através de uma boa alimentação, hábitos de vida saudáveis (não fumar, beber com moderação) e a prática regular de atividade física.
Pessoas com diabetes e hipertensão apresentam uma prevalência muito maior de doença renal crônica (DRC) (37% e 26% respectivamente), quando comparadas àquelas sem essas condições (11% e 8% respectivamente). E mundialmente 50% das pessoas com diabetes e hipertensão desconhecem sua condição e não são tratadas (Jornal Brasileiro de Nefrologia 2009, 31 (1), Bakris G.L)
Então, sabendo que a atividade física é um fator de proteção e prevenção para essas doenças, auxiliando no controle glicêmico e da pressão arterial, podemos diminuir as chances de progredirem para pacientes renais crônicos. Mesmo sendo portador de uma doença, a atividade física continua sendo um fator de proteção para a progressão e complicações dessa. Obviamente, sempre são válidas as recomendações e cuidados especiais com essa população.
O que realmente quero chamar a atenção é que assim como essas duas doenças de base, a doença renal crônica tem sintomas bastante silenciosos em seu início, quase imperceptíveis, que podem durante anos lesar a função dos rins, podendo causar a falência dos rins, levando ao tratamento de terapia renal substitutiva, que pode ser feito através de hemodiálise, diálise peritonial, e transplante (que também é um tratamento e não cura). Por isso, a melhor forma de se prevenir é ir ao médico com regularidade, realizar exames necessários (no caso da função renal uma dosagem de creatinina); e manter um estilo de vida saudável, com uma boa alimentação, boas noites de sono e a prática regular de atividade física.
No paciente renal a atividade física vai torná-lo mais resistente a processos inflamatórios, sendo uma das intercorrências mais recorrentes nessa população. Além disso, caso o paciente seja hipertenso, vai auxiliar no controle da pressão arterial; sendo diabético auxilia no controle glicêmico, melhora a condição física e funcional como um todo, diminui a progressão de perda de massa muscular, além de melhoras no humor e na sociabilização.
Mesmo em casos de doenças crônicas a atividade física pode e deve ser utilizada como forma de tratamento não medicamentoso, com cuidados e recomendações especiais a cada população, como é feito pelas Sociedades Brasileiras de Hipertensão e Diabetes.
Nós, educadores físicos, somos agentes e promotores da saúde, portanto devemos ocupar nosso espaço nessa área. Para isso, devemos nos especializar e comprovar que nossas ações são eficientes, e em parceria com uma equipe multiprofissional podemos melhorar o quadro clínico de portadores de doenças crônicas e atuar na prevenção dessas, através de uma VACINA bastante eficiente e com baixo custo: a atividade física.
“Dar o exemplo não é a melhor maneira de influenciar os outros. É a única.” (Albert Schweitzer).

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