A nossa área de atuação está cada
vez mais ampla, estamos conseguindo nos inserir em lugares que sempre foram
nossos por direito, mas que eram dados a outros profissionais. Não nos
limitamos mais a escolas, academias, clubes, área desportiva e de recreação. Além
de sermos profissionais da área da saúde por formação, atualmente fazemos parte
de uma equipe multidisciplinar formada por médicos, nutricionistas,
enfermeiros, psicólogos, terapeutas ocupacionais, fisioterapeutas, assistente
social, dentista entre outros.
É a área de
prevenção, profilaxia, tratamento, recuperação e manutenção da saúde através da
atividade física e de hábitos saudáveis de vida. Para isso, nós, educadores
físicos, temos que estar cada vez mais atualizados para intervir junto aos
demais profissionais. Porque ainda somos vistos muitas vezes como recreadores,
que trazem a parte lúdica para dentro do ambiente. Não que isso seja ruim,
muito pelo contrário é nosso diferencial em relação aos demais profissionais,
pois assim conseguimos nos aproximar mais do indivíduo que está conosco, não
somente do portador (ou não) de alguma doença ou deficiência, mas do ser humano
em sua totalidade.
O que
realmente me incomoda é ser visto somente como um profissional que distraí essa
população, que “dá uma relaxada nos pacientes” antes da diálise, ou seja, lá
qual a área em que atuamos. Somos profissionais especializados e estamos
realizando uma ou outra determinada atividade por motivos específicos que trarão
benefícios como: melhoria física, na autoestima e por consequência em sua
qualidade de vida.
Sei que
essa visão não é compartilhada por todos, principalmente nos grandes centros de
estudos e pesquisas, os educadores físicos são peças fundamentais no
desenvolvimento de pesquisas e protocolos de intervenção e tratamento. Mas
sempre provando por A+B que somos especializados, que temos competência e
conhecimento o suficiente para atuarmos em conjunto com os demais profissionais
da área da saúde. Somos os profissionais habilitados e responsáveis em
prescrever qual a melhor atividade, intensidade e frequência das atividades
físicas que devem ser praticadas.
Digo isso
porque sei o quanto é importante a indicação de um médico, referente a prática
ou não de atividade física. É quase como um decreto, se o indivíduo vai ao
médico e ele diz que tem que praticar atividade física pelo menos 3 vezes por
semana, a grande maioria, na mesma semana se matrícula em uma academia,
normalmente em alguma atividade aquática que é a mais recomendada pelos
médicos, não sei porque, mas é. Talvez para não correr o risco de errar?!?! Na
verdade quem deveria prescrever a melhorar atividade somos nós, os demais
profissionais deveriam indicar que nos procurassem para aí sim, definirmos qual
o procedimento a partir das indicações de cada indivíduo.
Vivenciei
isso quase todos os dias dentro das clínicas e mesmo entre os familiares e
pessoas do convívio comum, pois por mais que haja uma grande divulgação através
da mídia referente aos benefícios da prática regular de atividade física, da
boa alimentação; a adesão livre e espontânea da mudança de estilo de vida é
difícil. E quando ocorre a promoção
normalmente não é feito inicialmente por nós, isso porque nossa intervenção
ainda não é o suficiente para influenciar o início. Parece que estamos
advogando em causa própria.
Nas
clínicas de hemodiálise vi diversos pacientes sentindo-se amputados de um
braço, mesmo o tendo. Porque quando realizam a cirurgia para fístula
artério-venosa (FAV), que é utilizada para o acesso vascular durante a
hemodiálise, a recomendação mais comum é: “Não façam nada com esse braço, a não
ser apertar a bolinha para melhorar a vitalidade da fístula”. Mas na verdade
essa não é a melhor recomendação a ser feita. Exercícios de flexão e extensão
do cotovelo podem e devem ser feitos com bastante eficiência (após três meses
da cirurgia) para melhorar a vitalidade da FAV e todos os demais movimentos de
fortalecimento e alongamento, para evitar problemas articulares (como ombro
congelado), o que é bastante comum nessa população. O que não é permitido são
movimentos que interrompam o fluxo sanguínea local, movimentos de garrote, até
mesmo aferição de pressão arterial, isso para não correr o risco de perder o
acesso vascular.
Quero
deixar claro que não tenho a intenção de tomar lugar de nenhum profissional na
área da saúde, só quero reafirmar e confirmar nosso espaço por direito e
competência nessa área.
Fiquei
extremamente feliz ao ler na edição de dezembro/2010 da revista do CONFEF
(Conselho Federal e Regionais de Educação Física) a matéria “Educação física -
Uma questão de saúde pública”, onde relata a
inclusão do educador físico junto a equipe que atua com o trabalho de Saúde da
Família. Sei que ainda é o início de uma longa jornada, mas o que realmente
importa nesse momento é estarmos presente e comprovando a eficiência de nossa
atuação junto a saúde pública e privada.
Fazemos
parte de uma nova geração de educadores físicos, que tem maior oportunidade para
atuar em todos as áreas de formação, incluindo a área da saúde, que como vocês
já devem ter percebido é a minha paixão.
Espero ter
contribuído de alguma forma para estimular a busca de conhecimentos nessa área
e por consequência a atuação profissional, que não é fácil, mas muito
satisfatória. Como sempre estou a disposição para troca de informações e
sugestões de novos assuntos a serem abordados futuramente.
Até a
próxima!